Preconceito

Alguns dias atrás, estávamos todos (meus pais, eu e meu irmão), em um programa de família. Uma das coisas que iríamos fazer era comprar um novo tênis para o meu irmão, já que o que ele vai ao colégio (Necessariamente preto), está mal.
Visitamos algumas lojas e ficamos em uma famosinha. Aquela com a música do pá – pé dos dias das crianças (quem é da região, sabe de onde estou falando).
Fiquei passeando naquela loja que, particularmente nunca me agradou, enquanto um vendedor estava no estoque atrás do tênis de Marcelo. Depois de algumas voltas, chego para sentar e percebo um rapaz de sobrancelha muito bem feita ao meu lado.
Até o momento normal.
Poucos minutos depois de sentada ao lado desse garoto-rapaz (no máximo 18 anos), chega a sua, acredito, irmã mais velha e a filha dela. Todos estão sentados e conversando quando o vendedor chega e joga as caixas no chão, ao lado dos pés do rapaz e diz: “Está ai!”. Foi de uma grosseria absurda que me assustei.
O rapaz se abaixou para tirar o seu sapato da caixa e a garota pegou a sua sandália. Ele estava com as unhas francesinhas recém pintadas. Seu pedido era de um sapato-tênis bege bem comum.
Depois da unha, fiquei pensando se a grosseria daquele vendedor será pela opção do cliente. Pensando cruamente apenas como gerente, ele era um cliente! E deveria ser tratado da melhor forma possível (apesar de que o atendimento dessa loja nunca foi bom), para que ele leve o produto e fique satisfeito com o atendimento, para que facilite o retorno.
Ele levou o produto. Eu não levaria por puro desaforo!
Passei a tarde pensando sobre as dificuldades de assumir uma opção sexual diferente daquela que acham “normais”. O negócio é ser feliz.

* Escrito no dia 10 de outubro.
[Música: Tiziano Ferro – E fuori è buio (clipe estranho)]
[Cabeça: preocupação com notas e italiano. Acredito que perderei o semestre dessa língua e ainda aguardo notas do fim do semestre da universidade.]